O professor Ubirajara Caputo, doutor em psicologia social pela USP e pesquisador de preconceitos motivados por orientação sexual e identidade de gênero, conheceu a travesti Brenda Lee quando se envolveu com grupos de assistência para adoecidos por HIV/AIDS, depois de perder seu marido para a doença. Brenda era proprietária de uma pensão para travestis, que ela abriu no bairro da Bela Vista como uma forma de se manter, mas também para atender suas colegas, um público sistematicamente rejeitado por locatários e hospedarias.

   Por conta de sua gestão voltada para o acolhimento e cuidado, o "Palácio das Princesas", como ela batizou o seu hostel, acabou se transformando na primeira casa de acolhimento de travestis e gays acometidas pelo HIV/AIDS no início da epidemia, quando havia uma hostilidade generalizada contra elas. Durante uma entrevista sobre uma onda de ataques anônimos contra travestis, ela olhou para a câmera e disse: "Pode mandar prá cá que eu cuido, sem discriminação".  O doutor Paulo Roberto Teixeira, responsável pelo primeiro Programa de Aids do Estado de São Paulo, ouviu a entrevista e a procurou.  

   No livro "Brenda Lee - Memórias Entrelaçadas de AIDS"  Caputo conta essa história, e também a vida de Brenda desde sua origem em Pernambuco, sua feminização, o